Páginas

segunda-feira, 1 de agosto de 2011



Histórico

Sua participação na história da astronomia é mais recente ainda que a de Urano. Sua descoberta representa um triunfo para a astronomia matemática.
Alexis Bouvard (1767 - 1843) notou várias perturbações na órbita de Urano, pois este nunca estava onde os astronomos previam. Bouvard fez novos cálculos para sua órbita levando em conta as perturbações de Saturno e Júpiter, mas mesmo assim as posições previstas não coincidiam com as reais. Então Le Verrier (1811 - 1877), astronomo francês propôs-se ao estudo do problema e concluiu que estas perturbações eram devido à existência de outro corpo numa órbita mais afastada que Urano.
Ele também pode deduzir sua órbita através das perturbações que causava em Urano. Assim Le Verrier pediu ao astrônomo alemão Johan Gottfried Galle (1812 - 1910) que explorasse determinada região do céu. Galle verificou que havia um corpo a menos de um grau da posição prevista por Le Verrier que não constava em nenhuma carta celeste e no dia seguinte esse corpo já havia se deslocado em relação às outras estrelas. Era Neturno.


Os Campos Magnéticos

Quando a Voyager passou por Netuno em agosto de 1989 e detectou um campo magnético muito parecido com o de Urano, ou seja, inclinado de 50 graus com o eixo de rotação do planeta e deslocado do centro da metade do raio. Portanto, não se tratava de uma coincidência, mas sim de uma particularidade desses planetas tão parecidos em termos de seus campos magnéticos.
Uma teoria para explicar tais campos é a localização de correntes elétricas no interior do planeta. No caso da Terra os movimentos do fluido de níquel e ferro derretidos do núcleo geram as correntes e consequentemente o campo magnético. Em Júpiter e Saturno, o hidrogênio metálico é que conduz a corrente elétrica e gera o campo. Porém, em Urano e Netuno há uma quantidade maior de gelo e menos hidrogênio do que em Júpiter, por isso é possível que os núcleos desses dois planetas sejam relativamente isolantes. Mas um dínamo elétrico ainda opera no interior desses planetas, só que ao redor do núcleo e não no interior. Isso pode explicar o fato de o campo não passar pelo centro do planeta. Porém a explicação de como isso ocorre é provavelmente uma interação muito complexa entre os fluidos do interior dos dois planetas e suas rotações. Os modelos sobre a estrutura interna desse planetas são bem confiáveis. Ambos possuem núcleos constituídos de silício, ferro e outros elementos pesados em menor quantidade, que formam uma substância rochosa com propriedades físicas diferentes das conhecidas em rochas comuns.


Atmosfera Superior

A atmosfera pouco densa é formada de hidrogênio, hélio e metano, todos em estado gasoso. Apesar de estar numa das regiões mais frias do sistema solar, os fenômenos atmosféricos em Netuno são consideravelmente ativos. Este planeta possui ventos de no mínimo 1170 km/h que sopram para oeste em volta do planeta, apesar de receber 1/20 da energia solar que Júpiter recebe. Isso ocorre provavelmente pela falta de atrito da atmosfera com a superfície do planeta, como é o caso da Terra que possui montanhas e outras irregularidades da superfície que tendem a parar os ventos. Em Netuno os ventos fluem livremente com um mínimo de atrito. Por isso a pouca energia solar é suficiente para gerar tais ventos. Esses ventos provocam grandes furacões, semelhantes aos de Júpiter, entre os quais destaca-se a Grande Mancha Negra, ou GMN, um furacão do tamaho da Terra. A GMN' é um enorme buraco na atmosfera do planeta através do qual pode-se olhar mais profundamente na sua atmosfera. Cerca de k0 Km acima da Grande Mancha pode-se observar nuvens semelhantes às terrestres.
Assim como Júpiter e Saturno, Urano e Netuno também emitem mais energia do que recebem do Sol. Porém não há razão para acreditar que um deles tenha reservas térmicas bem maiores do que o outro. Netuno emite bem mais energia do que recebe e, apesar de mais distante do Sol, sua temperatura é equivalente a de Urano, cerca de -116 °C. Esse fato ainda não foi explicado.
Em Netuno pode-se observar as diversas cores e tonalidades nas faixas paralelas como em Júpiter e em Saturno.


Anéis

Acreditava-se na existência dos anéis desde que se detectou os anéis de Urano pela primeira vez, pois se existia anéis em Urano não havia razão para não existirem em Netuno. Com a visita da Voyager II é que se pode observá-los. Num primeiro instante em que se detectou os anéis, pensou-se não serem anéis e sim arcos de anéis, que não completavam toda a volta do planeta, mas com a aproximação da sonda viu-se que eram anéis completos. Porém, em alguns pontos a densidade de matéria era maior que em outras. Por isso, quando estava distante a sonda só pode observar alguns setores circulares dos anéis. Esse aglomerado de matéria em determinadas regiões dos anéis pode ser devido a presença de pequenos satélites.
A detecção por observações da Terra não foi possível porque os dois principais anéis são muito tênues, possuem apenas algumas dezenas de quilômetros de largura e são bem separados. Os demais anéis são bem mais tênues do que estes e os instrumentos terrestres são muito pobres para que fosse possível sua detecção. Além dos anéis existe um disco de poeira que, da mesma maneira que os anéis, está na faixa equatorial.


Satélites

O número total de satélites passou para treze e Nereida que era o segundo em tamanho passou para terceiro, pois o 1989 N1, que por orbitar muito próximo de Netuno, não podia ser observado da Terra. Além disso o 1989 N1 e o 1989 N2 refletem apenas 6% da luz incidente o que os torna praticamente escuros.
Os demais satélites não apresentam novidades, exceto Tritão, o maior satélite de Netuno, que é pouco menor que a Lua e deveria ser tão inativo quanto a Lua, porém não foi o que se observou. Tritão se mostrou estranho desde o primeiro momento. A começar por sua órbita que está no sentido contrário a dos demais satélites e também é inclinada em relação ao equador.
Um outro fator estranho é que Tritão apresenta uma intensa atividade vulcânica, só que o fluido expelido é nitrogênio líquido. O satélite apresenta calotas polares recobertas de nitrogênio congelado que atingem até 3/4 da distância que vai do polo ao equador quase perfeitamente brancas, refletindo quase toda luz solar. Portanto, isso permite que Tritão seja provavelmente mais frio que Plutão. Em alguns pontos da calota existem regiões mais escuras que absorvem mais luz e se aquecem e, desse modo, aquecendo também as regiões vizinhas. Isso permite que o nitrogênio derreta e forme verdadeiros rios de nitrogênio líquido. Outro fato observado em Tritão é que as calotas apresentam muitas linhas que tendem para nordeste, que provavelmente é resultado de erupções de nitrogênio liquido que forma o lençol existente abaixo da superfície. E nessas erupções são lançados cristais de metano escurecido por toda superfície, pois são carregados pelo vento.Todos esses fatos revelam que Tritão está em constante mutação.

urano

Úrano foi o primeiro planeta a ser descoberto, que não era conhecido desde a antiguidade. O descobridor foi Herschel, em 13 de Março de 1781 mas é claro que o planeta já havia sido visto e confundido com uma estrela. O catálogo de Flamsteed, de 1690, identifica-o como a estrela 34 da constelação do Touro. O nome Úrano só entrou em uso comum em 1850, sob sugestão de Bode, depois de muitos lhe chamarem Herschel e de o próprio Herschel lhe ter chamado “Georgium Sidus” (o planeta de Jorge), em homenagem ao seu protector, o monarca inglês Jorge III.

 Figura 1 – Úrano, em cores quase reais. Imagem Voyager 2.
Como todos os planetas trans-saturnianos, Úrano é ainda mal conhecido. Foi aproximado (não orbitado) por uma única sonda, a Voyager 2, em 24 de Janeiro de 1986. Mesmo assim, esta curta visita permitiu avançar muito o nosso conhecimento do planeta, nomeadamente por ter revelado as estranhas características da rotação de Úrano e a existência de um sistema de anéis.
A rotação de Úrano é invulgar em todo o Sistema Solar, primeiro por o eixo de rotação se encontrar praticamente contido no plano orbital, com o pólo Sul voltado para o Sol, e depois por se fazer no sentido retrógado. Pensa-se que estes factos se podem dever a um choque violento com outro planeta que Úrano terá sofrido na sua história. Apesar disso, a região equatorial de Úrano é a mais quente, tal como em todos os outros planetas o que, junto com o facto de Úrano radiar mais energia que a que recebe do Sol, leva a crer que o planeta possui um núcleo “quente” possivelmente enriquecido em isótopos radioactivos leves (Si? C?), sendo a condução térmica para a superfície feita por correntes de convecção.
 Figura 2 – Úrano e os seus anéis, em cores falsas. Imagem Voyager 2.
Tabela 21.1 – Os Anéis de Úrano
Anel
Distância (km)
Largura (km)
1986U2R
38 000
2500
6
41 840
1-3
5
42 230
2-3
4
42 580
2-3
Alfa
44 720
7-12
Beta
45 670
7-12
Eta
47 190
0-2
Gamma
47 630
1-4
Delta
48 290
3-9
1986U1R
50 020
1-2
Epsilon
51 140
20-100
O sistema de anéis de Úrano é muito fino e difuso (Figura 2 e Tabela 1). Os anéis têm um albedo baixo, como os de Júpiter, mas são compostos por corpos com até 10 metros de diâmetro, tal como os de Saturno. De facto, os anéis de Úrano foram descobertos mesmo antes dos de Júpiter, o que levou a que se procurassem – e encontrassem – anéis em todos os planetas gigantes. Pensa-se que possam existir anéis incompletos (arcos de anel) com cerca de 50 m de extensão.
A estrutura de Úrano só se conhece por inferência a partir de dados da sua geofísica externa (Figura 3).

 Figura 3 – Modelo da estrutura interna de Úrano. C. Hamilton.
O núcleo de Úrano deve ser composto de uma mistura de rocha e gelo, de massa provavelmente não superior à da Terra. A este núcleo seguir-se-á um “manto” composto por uma mistura de gelos de água, metano e amónia, possivelmente em estado sólido mas plástico. Daí até à superfície encontra-se uma atmosfera de hidrogénio, hélio e metano moleculares, que absorvem a luz no vermelho, o que confere ao planeta a sua característica cor azul.
Esta atmosfera é bandeada, como nos outros gigantes (Figura 21.4) e atravessada por ventos fortíssimos, entre 40 e 160 m/s (entre 140 e 580 km/h), que sopram na direcção da rotação do planeta.
 Figura 4 – Úrano, em imagem de cores falsas muito processada, mostrando as bandas atmosféricas comuns aos outros gigantes. Imagem HST.
Encontraram-se ventos da ordem dos 100 m/s que sopram na direcção oposta, nas zonas equatoriais, por análise de imagens recentes do Telescópio Espacial Hubble (Figura 21.5).
 Figura 5 – A evolução no tempo da posição de duas nuvens (A e B), que permite determinar a velocidade e a direcção dos ventos. Imagem HST.
Outro argumento em favor da existència de correntes de convecção no interior de Úrano é o facto de ter um campo magnético dipolar, forte. Este campo está descentrado em relação ao planeta e o eixo magnético faz um ângulo de cerca de 60º com o eixo de rotação.


ÚRANO

Dados Astronómicos

Orbita
Sol
Distância média ao Sol (UA)
19.20094
Excentricidade orbital
0.0457
Período sideral (anos)
84.01067
Inclinação orbital
0.772º
Velocidade orbital média (km/s)
6.81
Período de rotação (horas)
-17.24
Inclinação do eixo de rotação
97.77º
Magnitude visual máxima
5.32
Número de Satélites
21

Dados Físicos

Raio equatorial (km)
25 559
Massa (kg)
86.832 X 1024
Volume (km3)
6.833 X 1010
Densidade média (g/cm3)
1.270
Gravidade à superfície no equador (m/s2)
8.69
Velocidade de escape equatorial (km/s)
21.3
Temperatura média à superfície (K)
76
Albedo normal
0.51
Momento magnético dipolar (Gauss R3)
0.228
Pressão atmosférica à superfície (mbar)
1000 (por convenção)
Composição da atmosfera  (%)
H2(82.5), He(15.2), CH4(2.3)

Dados Históricos

Descobridor
W. Herschel
Data
1781
Missões espaciais
Voyager 2

saturno



Saturno é o sexto planeta a partir do Sol e o segundo maior no sistema solar com um diâmetro equatorial de 119,300 quilómetros (74,130 milhas). Muito do que se sabe sobre o planeta é devido às explorações da Voyager em 1980-81. Saturno é visivelmente achatado nos pólos, como resultado da rotação muito rápida do planeta no seu eixo. O seu dia dura 10 horas e 39 minutos, e demora cerca de 29.5 anos terrestres para dar a volta ao Sol. A atmosfera é principalmente composta por hidrogénio com pequenas quantidades de hélio e metano. Saturno é o único planeta menos denso do que a água (cerca de 30 porcento menos). No hipotético caso de se encontrar um oceano suficientemente grande, Saturno flutuaria nele. A coloração amarela enevoada de Saturno é marcada por largas faixas atmosféricas semelhantes, mas mais fracas, às de Júpiter.
O vento sopra em altas velocidades, em Saturno. Perto do equador, atinge uma velocidade de 500 metros por segundo (1,100 milhas por hora). O vento sopra principalmente na direcção leste. Encontram-se os ventos mais fortes perto do equador e a velocidade decresce uniformemente a maiores latitudes. A latitudes superiores a 35 graus, os ventos alternam entre leste e oeste conforme a latitude aumenta.
O sistema de anéis de Saturno faz do planeta um dos mais belos objectos no sistema solar. Os anéis estão divididos em diferentes partes, que incluem os anéis brilhantes A e B e um anel C mais fraco. O sistema de anéis tem diversos espaçamentos. O espaçamento mais notável é a Divisão Cassini, que separa os anéis A e B. Giovanni Cassinidescobriu esta divisão em 1675. A Divisão Encke, que divide o anel A, teve o seu nome baseado em Johann Encke, que a descobriu em 1837. As sondas espaciais mostraram que os anéis principais são na realidade formados por um grande número de anéis pequenos e estreitos. A origem dos anéis é obscura. Pensa-se que os anéis podem ter sido formados a partir das grandes luas que foram desfeitas pelo impacto de cometas e meteoróides. A composição exacta dos anéis não é conhecida, mas mostram que contêm uma grande quantidade de água. Podem ser compostos por icebergs e/ou bolas de gelo desde poucos centímetros até alguns metros de diâmetro. Muita da estrutura elaborada de alguns dos anéis é devida aos efeitos gravitacionais dos satélites vizinhos. Este fenómeno é demonstrado pela relação entre o anel F e duas pequenas luas que pastoreiam a matéria do anel.
Também foram encontradas formações radiais no grande anel B pelas sondas Voyager. Pensa-se que as formações são compostas por partículas finas, do tamanho de grãos de pó. Entre as imagens obtidas pelas sondas Voyager observou-se a formação e a dissipação dos raios. Apesar das cargas electrostáticas poderem criar raios pela levitação das partículas de pó acima do anel, a causa exacta da formação destes raios não está bem compreendida.
Saturno tem 18 luas confirmadas, o maior número de satélites de qualquer planeta do sistema solar. Em 1995, os cientistas, usando o Telescópio Espacial Hubble, descobriram quatro objectos que podem também ser luas.

Estatísticas de Saturno
 Massa (kg)5.688e+26 
 Massa (Terra = 1)9.5181e+01 
 Raio Equatorial (km)60,268 
 Raio Equatorial (Terra = 1)9.4494e+00 
 Densidade Média (gm/cm^3)0.69 
 Distância média do Sol (km)1,429,400,000 
 Distância média do Sol (Terra = 1)9.5388 
 Período rotacional (horas)10.233 
 Período orbital (anos)29.458 
 Velocidade média orbital (km/seg)9.67 
 Excentricidade orbital0.0560 
 Inclinação do eixo (graus)25.33 
 Inclinação orbital (graus)2.488 
 Gravidade à superfície no equador (m/seg^2)9.05 
 Velocidade de escape no equador (km/seg)35.49 
 Albedo geométrico visual0.47 
 Magnitude (Vo)0.67 
 Temperatura média das nuvens-125°C 
 Pressão atmosférica (bars)1.4 
 Composição atmosférica
Hidrogénio
Hélio

97%
3%