Figura 1 – Úrano, em cores quase reais. Imagem Voyager 2.
Como todos os planetas trans-saturnianos, Úrano é ainda mal conhecido. Foi aproximado (não orbitado) por uma única sonda, a Voyager 2, em 24 de Janeiro de 1986. Mesmo assim, esta curta visita permitiu avançar muito o nosso conhecimento do planeta, nomeadamente por ter revelado as estranhas características da rotação de Úrano e a existência de um sistema de anéis.
A rotação de Úrano é invulgar em todo o Sistema Solar, primeiro por o eixo de rotação se encontrar praticamente contido no plano orbital, com o pólo Sul voltado para o Sol, e depois por se fazer no sentido retrógado. Pensa-se que estes factos se podem dever a um choque violento com outro planeta que Úrano terá sofrido na sua história. Apesar disso, a região equatorial de Úrano é a mais quente, tal como em todos os outros planetas o que, junto com o facto de Úrano radiar mais energia que a que recebe do Sol, leva a crer que o planeta possui um núcleo “quente” possivelmente enriquecido em isótopos radioactivos leves (Si? C?), sendo a condução térmica para a superfície feita por correntes de convecção.
Figura 2 – Úrano e os seus anéis, em cores falsas. Imagem Voyager 2.
Tabela 21.1 – Os Anéis de Úrano
Anel | Distância (km) | Largura (km) |
1986U2R | 38 000 | 2500 |
6 | 41 840 | 1-3 |
5 | 42 230 | 2-3 |
4 | 42 580 | 2-3 |
Alfa | 44 720 | 7-12 |
Beta | 45 670 | 7-12 |
Eta | 47 190 | 0-2 |
Gamma | 47 630 | 1-4 |
Delta | 48 290 | 3-9 |
1986U1R | 50 020 | 1-2 |
Epsilon | 51 140 | 20-100 |
A estrutura de Úrano só se conhece por inferência a partir de dados da sua geofísica externa (Figura 3).
Figura 3 – Modelo da estrutura interna de Úrano. C. Hamilton.
O núcleo de Úrano deve ser composto de uma mistura de rocha e gelo, de massa provavelmente não superior à da Terra. A este núcleo seguir-se-á um “manto” composto por uma mistura de gelos de água, metano e amónia, possivelmente em estado sólido mas plástico. Daí até à superfície encontra-se uma atmosfera de hidrogénio, hélio e metano moleculares, que absorvem a luz no vermelho, o que confere ao planeta a sua característica cor azul.
Esta atmosfera é bandeada, como nos outros gigantes (Figura 21.4) e atravessada por ventos fortíssimos, entre 40 e 160 m/s (entre 140 e 580 km/h), que sopram na direcção da rotação do planeta.
Figura 4 – Úrano, em imagem de cores falsas muito processada, mostrando as bandas atmosféricas comuns aos outros gigantes. Imagem HST.
Encontraram-se ventos da ordem dos 100 m/s que sopram na direcção oposta, nas zonas equatoriais, por análise de imagens recentes do Telescópio Espacial Hubble (Figura 21.5).
Figura 5 – A evolução no tempo da posição de duas nuvens (A e B), que permite determinar a velocidade e a direcção dos ventos. Imagem HST.
Outro argumento em favor da existència de correntes de convecção no interior de Úrano é o facto de ter um campo magnético dipolar, forte. Este campo está descentrado em relação ao planeta e o eixo magnético faz um ângulo de cerca de 60º com o eixo de rotação.
ÚRANO | |
Dados Astronómicos | |
Orbita | Sol |
Distância média ao Sol (UA) | 19.20094 |
Excentricidade orbital | 0.0457 |
Período sideral (anos) | 84.01067 |
Inclinação orbital | 0.772º |
Velocidade orbital média (km/s) | 6.81 |
Período de rotação (horas) | -17.24 |
Inclinação do eixo de rotação | 97.77º |
Magnitude visual máxima | 5.32 |
Número de Satélites | 21 |
Dados Físicos | |
Raio equatorial (km) | 25 559 |
Massa (kg) | 86.832 X 1024 |
Volume (km3) | 6.833 X 1010 |
Densidade média (g/cm3) | 1.270 |
Gravidade à superfície no equador (m/s2) | 8.69 |
Velocidade de escape equatorial (km/s) | 21.3 |
Temperatura média à superfície (K) | 76 |
Albedo normal | 0.51 |
Momento magnético dipolar (Gauss R3) | 0.228 |
Pressão atmosférica à superfície (mbar) | 1000 (por convenção) |
Composição da atmosfera (%) | H2(82.5), He(15.2), CH4(2.3) |
Dados Históricos | |
Descobridor | W. Herschel |
Data | 1781 |
Missões espaciais | Voyager 2 |
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